O REFERENDO SOBRE O ABORTO

(Lisboa) A um mês do referendo a discussão já começou há muito e teve por várias ocasiões contornos que se assemelhavam a um jogo de futebol com cada uma das partes a inventar muitas vezes gritos de luta parecidos com os que ouvimos em jogos da Liga.

Aqueles que lutam pelo não sabem que não se trata de liberalização do aborto e sim de despenalização e usam liberalização de uma forma abusiva e ofensiva intelectualmente falando. Veja-se o sítio na Internet da Plataforma Não Obrigada. Depois de publicarem a pergunta que dia 11 de Fevereiro será alvo de referendo em Portugal assumem e sua posição com um grande NÃO OBRIGADA. Poderia ser um Não Obrigado mas não, este é mais um lugar onde menino não entra, fica à porta. Mais uma vez se tenta colocar a mulher como única autoridade neste assunto. Mas não é. Voltando ao uso abusivo das palavras usam a palavra despenalização porque não conseguem mudar a pergunta do referendo para fins de marketing da organização. Depois, um pouco mais abaixo assumem-se contra a liberalização do aborto.



Liberalizar é diferente de despenalizar. Despenalizar é apenas isentar de pena. Apenas e só isso. É essa a palavra que está na pergunta do referendo e é essa pergunta que deve ser alvo da escolha de cada português com poder de voto. Liberalizar é dar com liberdade e tem um significado diferente. Uma campanha tem sempre espaço para a exposição e debate de ideias. Mesmo sendo pelo Sim leio e escuto tudo o que vai aparecendo da parte do Não sabendo que há pessoas que dizem que vão votar pelo Sim que me envergonham profundamente pelo tipo de argumentos que usam bem como existem bons argumentos pela parte do Não. Não é correcto tentar colocar a pergunta do referendo numa coisa que ela não é.