(Lisboa) Dizem que são precisos sete anos para se fazer uma amizade. Outras fontes garantem que bastam duzentas horas de “tempo de qualidade”, seja lá o que isso for, para se chegar a essa categoria muito especial. Coisas que se lê por aí, sem grande rigor científico, mas é sempre bom dar um ar de quem estudou o assunto a fundo.
FUNCHAL: 32º38'N 16º58'W - 23ª TEMPORADA
Ricardo Figueira (blog @ ricardofigueira.com)
sábado, novembro 08, 2025
CARACAS
(Lisboa) Dizem que são precisos sete anos para se fazer uma amizade. Outras fontes garantem que bastam duzentas horas de “tempo de qualidade”, seja lá o que isso for, para se chegar a essa categoria muito especial. Coisas que se lê por aí, sem grande rigor científico, mas é sempre bom dar um ar de quem estudou o assunto a fundo.
sábado, novembro 01, 2025
LATAM
(Lisboa) O PT-MUG, Boeing 777-300ER da LATAM, deixou Lisboa esta manhã como um artista. A pista molhada serviu-lhe de palco e o spray de água transformou-se em fumo de espetáculo, com os dois motores a berrar na força máxima. Se os motores tivessem consciência estariam provavelmente a pensar: “olhem bem para mim”. Partiu para São Paulo depois do clear for takeoff. Eu estava sozinho a assistir a este espetáculo, será que os outros spotters tiveram medo da chuva que cai por estes dias nesta cidade? Senti os aplausos. Obrigado pelo momento. Isto é que se chama sair com estilo: usar quase toda a pista e despedir-se assim, em grande, como só os gigantes sabem fazer.
domingo, outubro 19, 2025
LPMA
(Lisboa) A pista 05 do Aeroporto da Madeira (LPMA), onde já aterrei muitas vezes, e de onde descolei todas essas vezes mais uma. Porque por cada partida aguarda sempre um regresso, a viagem só se completa quando volto ao ponto de onde parti. Cada descolagem é um número ímpar, cada regresso um movimento par, é como a fase e o neutro de uma instalação elétrica, a corrente circula quando neutro e fase se encontram.
sábado, outubro 11, 2025
SPOTTING
domingo, setembro 21, 2025
CS-TOG - BARTOLOMEU DE GUSMÃO
(Lisboa) O tempo em setembro, em Lisboa, é sempre tão rigoroso. As temperaturas caem como se estivéssemos em pleno inverno siberiano, o vento sopra com a força de um tufão em Macau, os pés não me conseguem segurar, e a chuva não cai: agride. Sair de casa com um guarda-chuva transforma-nos em Mary Poppins.
domingo, setembro 07, 2025
PÊRO DA COVILHÃ
(Lisboa) O Pêro da Covinhã, um Airbus A321, Airbus A321-251NX(LR), em Lisboa, LPPT. O LR, se forem à procura, quer dizer long range e o X é qualquer coisa como um extra long range. É como aqueles pacotes de sumo com mais 20% grátis mas aqui o extra paga-se. É uma forma resumida do fabricante transmitir que este avião está preparado para percursos mais longos.
domingo, agosto 10, 2025
A321
domingo, julho 27, 2025
E AGORA VOU-ME EMBORA PARA ANGOLA...
(Lisboa) Nos anos 80 do século passado ouvia muito um disco de vinil: a história do macaco com o rabo cortado. Lá em casa tínhamos um velho gira-discos, sem tampa, já com sinais do tempo. Era sempre o meu pai que colocava os discos, com um cuidado preciso, quase solene, como se fosse uma operação técnica delicada.
domingo, julho 13, 2025
A321 NEO
(Lisboa) Hoje publico pela primeira vez aqui no blogue uma foto de um Airbus A321neo long range da TAP Air Portugal, é o CS-TXJ, batizado com o nome Bartolomeu de Gusmão, uma das figuras mais curiosas da história da ciência e da aviação, conhecido por idealizar a “Passarola”, uma das primeiras propostas de voo mais leve que o ar.
A TAP utiliza os seus A321neo em rotas de médio e longo curso, sendo esta uma das vantagens deste modelo: autonomia suficiente para cruzar o Atlântico, para voos como Lisboa–Toronto ou Lisboa–Belém, usado também em rotas europeias.
O CS-TXJ entrou na frota da TAP em abril de 2022, de acordo com o sítio airfleets.net. Nesta imagem preparava-se para aterrar no Aeroporto Humberto Delgado.
sábado, julho 05, 2025
CADERNETA DE CROMOS
(Lisboa) Há ideias que nascem de perguntas simples. Esta surgiu-me depois de algumas sessões de spotting, daquelas em que o céu se transforma num palco de surpresas. Gosto de saber o que vem mas às vezes, muitas vezes, gosto da surpresa. Ver surgir vindo não sei de onde um A320 com pintura de décadas antigas, um 737 com uma cauda invulgar com a figura de um pintor ou um artista conhecido, um Embraer com nome da minha terra. Todos diferentes, todos únicos. Os aviões são mesmo todos diferentes. E então pensei: e se existisse um álbum de cromos com aviões? Na verdade eu não sei se existe, se calhar existe. Nunca vi essas cadernetas a serem distribuídas à porta da escola dos meus filhos, ou expostas no supermercado. Uma caderneta onde estivessem, por exemplo, todos os aviões da TAP, os novos, os antigos, todos, desde o arranque da companhia, há dezenas de anos atrás. Estarão esses aviões todos fotografados? Mesmo os mais antigos?
A aviação não é feita de repetições. Por muito que vejamos o mesmo avião todos os dias, há sempre um detalhe que o distingue, a matrícula que também muda se mudar de dono, o nome, o esquema de pintura, a companhia, a história por trás, os seus últimos destinos, para onde vai a seguir. Uns são estrelas internacionais, outros figuras quase anónimas a cruzar o céu. Mas todos têm direito ao seu lugar na coleção.
Foi a minha primeira coleção a sério. E como em todas as coleções, havia sempre os repetidos que se vão acumulando. Fiquei com uma caixa cheia de cromos que nunca consegui trocar. Nem sequer sei se alguma vez consegui trocar algum, não me lembro, acho que nenhum colega meu fazia coleção, aquela coleção. Lembro-me até de alguns números que vinham vezes sem conta. Era quase frustrante, ter muitos de uns e nada de outros, mas ao mesmo tempo fazia parte do jogo. A magia estava lá: abrir o pacotinho, a expectativa de encontrar o que ainda não tinha, a alegria de colar um novo cromo no lugar certo.
A minha mãe, que me dava o dinheiro para comprar esses pacotes, achava aquilo um desperdício, nunca me disse isso mas eu sabia que ela achava isso. Nunca percebeu muito bem o fascínio. E eu também não sabia explicar. Só sabia que aquilo me fazia feliz, preencher a caderneta, ambicionar pelos que faltam que ficavam cada dia mais valiosos.
Hoje, quando compro cromos para os meus filhos, sejam de futebol, ou de outro tema percebo tudo. Percebo que não é só colar autocolantes. É criar memórias. É aprender nomes, geografia, histórias. É fazer parte de algo maior. E sim, é uma lição de persistência, de troca, de frustração e recompensa.
Na altura não havia redes sociais, nem grupos de trocas no Facebook como há agora. Muito mais fácil completar as coleções hoje em dia do que no final dos anos 80 do século XX. Trocar cromos era uma arte presencial, quase tribal. Acontecia no recreio da escola, com os colegas, e pouco mais. O que se conseguia, conseguia-se ali. E talvez por isso, cada cromo colado tinha valor.


