quarta-feira, junho 03, 2020

BRASIL

(Lisboa) Se antes, quando a OMS temporariamente parou os testes com cloroquina já a tomavam e a recomendavam como loucos, imagino agora que a OMS vai retomar os testes. Vão mergulhar em hidroxicloroquina. Para quem não percebeu continuamos na mesma, não existem evidências que a substância ajude no combate ao covid-19. Estamos no mesmo lugar que ocupávamos ontem em relação a esse tema. As contradições continuam, não acreditam na OMS mas quando a OMS vai ao encontro das palavras do chefe já pode ser. Se eu desacredito uma organização, uma instituição, uma pessoa, não publicito as suas conclusões, as suas recomendações. Se eu não acredito na separação dos poderes não posso dizer que acredito na democracia. Se eu não acredito na justiça não posso estar ao lado dela quando acusa os que eu não gosto por que sim. Se eu me indigno com transportes públicos lotados na pandemia em São Paulo, também deveria indignar-me quando o meu presidente se junta a multidões em Brasília, limpa o nariz e cumprimenta apoiantes. Se eu não me indigno quando as conversas da Lava Jato vazam para a imprensa, também não me deveria indignar com os vazamentos do meu governo, o Real Madrid dos Governos. Se eu acho mal o PT financiar blogues e youtubers com dinheiros públicos, também deveria achar mal dinheiro público financiar influenciadores digitais que apoiam o Governo Federal. Se eu fico bravinho com o toma lá da cá de governos anteriores também deveria ficar quando Bolsonaro vai às compras para garantir 1/3 da câmara mais 1, para não ser destituído. Não faz muito sentido, ou faz? Vamos ter valores? Vamos começar agora? Pode ser?

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