(Lisboa) Uma viagem Lisboa São Paulo tem três etapas. A etapa de voo em cima de território brasileiro. A etapa entre o Brasil e Cabo Verde. A etapa entre Cabo Verde e a Europa. É um voo muito longo e para além disso, mesmo com todos os confortos atuais da aviação como cadeiras confortáveis, sistemas de televisão individuais, comida e bebidas a bordo, casas de banho e em alguns voos, possibilidade de fazer chamadas em roaming ou acesso à internet, descansar não é uma tarefa fácil. O barulho que se sente dentro da cabina ainda é muito e não permite o relaxamento. Parece impossível mas há pessoas que conseguem e até ressonam. Haverá um dia, talvez, em que a cabina de um avião estará completamente insonorizada. O passageiro não precisa de sentir os ruídos do avião. Talvez o som seja útil para os pilotos mas não para o passageiro.
Nas filas do check in há sempre histórias. Histórias de pessoas, como a do português que vive em São Paulo e não gosta. Ele não tem nome, só a voz que vem da pessoa que está logo atrás de mim, na fila. Não tem nome nem rosto. Ele diz que "Deus nunca passou por aqui". Odeia, palavra dele, viver aqui. Se ao menos ainda fosse Buenos Aires. Eu não conheço Buenos Aires, nem sei se ele conhece para poder ser tão conclusivo. Buenos Aires ou Londres, diz ele. Toda a gente adoraria viver em Londres. Londres é uma cidade do mundo desenvolvido, uma cidade moderna, de um país de primeiro mundo. Segundo ele a situação está tão insuportável que se a mulher não quiser mudar ele pede o divórcio. E leva a filha, porque ela também não gosta de São Paulo, não se integrou com os amigos. A mulher dele parece querer ficar, não quer regressar à Europa. Não sei se ela é de cá ou de lá. Ele viaja sozinho e fala ao telefone com alguém, provavelmente um amigo. Sim porque estas coisas não se dizem a qualquer um. Eu por acaso estou a ouvir porque acho estranho preferir-se viver em Portugal do que no Brasil, acho estranho este ódio todo. Viver perto da praia? Se ele quiser viver ao lado da praia vai para o Algarve, acabou de comprar uma casa por lá. Viver em São Paulo é que não, já passou tempo demais por lá.
O CS-TOP, também conhecido por Pedro Nunes chegou ao aeroporto de Guarulhos manhã cedo e ficou parado perto da pista, desocupando a manga de onde desembarcaram as pessoas que vieram de Lisboa nesse mesmo dia. Para o voo da tarde foram buscá-lo para iniciar mais uma viagem rumo à Capital Portuguesa. Um pequeno camião foi puxá-lo para a manga 18. Estes pequenos mas cheios de força devem ser nomeados de alguma coisa na linguagem da aviação. Eu que apenas sou um curioso fascinado sem chegar sequer a ser um amador apenas conheço os follow me, os carros que guiam os aviões até ao estacionamento.
As viagens de regresso a Portugal, pelo menos por São Paulo são sempre de noite. Nunca encontrei uma em que o voo fosse de dia. No outro sentido as viagens são maioritariamente de dia mas também às há à noite. Não gosto de viajar de noite. Não dá para ver nada lá fora, nem dá para ver as enormes nuvens que se erguem até às altas camadas da atmosfera. As tempestades também não se veem. Só se vê a luz dos relâmpagos um a seguir aos outros, ao nosso lado. Outra diferença são os tempos de viagem. A viagem de regresso a Portugal dura sempre um pouco menos. Quase dez horas para lá, um pouco mais de nove horas para cá.
O CS-TOP, também conhecido por Pedro Nunes chegou ao aeroporto de Guarulhos manhã cedo e ficou parado perto da pista, desocupando a manga de onde desembarcaram as pessoas que vieram de Lisboa nesse mesmo dia. Para o voo da tarde foram buscá-lo para iniciar mais uma viagem rumo à Capital Portuguesa. Um pequeno camião foi puxá-lo para a manga 18. Estes pequenos mas cheios de força devem ser nomeados de alguma coisa na linguagem da aviação. Eu que apenas sou um curioso fascinado sem chegar sequer a ser um amador apenas conheço os follow me, os carros que guiam os aviões até ao estacionamento.
As viagens de regresso a Portugal, pelo menos por São Paulo são sempre de noite. Nunca encontrei uma em que o voo fosse de dia. No outro sentido as viagens são maioritariamente de dia mas também às há à noite. Não gosto de viajar de noite. Não dá para ver nada lá fora, nem dá para ver as enormes nuvens que se erguem até às altas camadas da atmosfera. As tempestades também não se veem. Só se vê a luz dos relâmpagos um a seguir aos outros, ao nosso lado. Outra diferença são os tempos de viagem. A viagem de regresso a Portugal dura sempre um pouco menos. Quase dez horas para lá, um pouco mais de nove horas para cá.
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