(São Paulo, muito calor) São cercas eléctricas em muitas casas. Sim leu bem, em casas particulares. Não são casas de ricos, nem embaixadas nem bancos, são casas de classe média, muitas cercas eléctricas espalhadas por aí em muitas casas. Em Lisboa onde encontro isto? Não me lembro. No Funchal nem sei se existe, acho que nunca vi por lá e até apostaria que não existe mas há sempre um engraçadinho que gosta de mostrar. Ainda mais nos tempos que correm onde quem não mostra não entra no clube.
Para além das cercas eléctricas que não matam mas devem dar um bom esticão existem outras armadilhas para o muito desonesto que deve existir por aí. Nas casas existem as portas normais de madeira e alumínio como em todas as casas que eu e você conhecem mas para além disso existem umas segundas portas metálicas que engaiolam todas as saídas. As janelas e portas exteriores até ao último andar têm grades presas a cadeados ou não. Existe o tradicional arame farpado também.
Os carros estão cheios de truques. Tem os ganchos que prendem a caixa de velocidades, tem os alarmes por sensor que cortam a injecção de gasolina no motor se o carro estiver a mais de uma determinada distância de um comando carregado pelo utilizador do veículo.
Por falar em carros por aqui as estradas são péssimas logo não vale a pena andar a milhão nas ruas dentro de São Paulo.
Para ir ao Banco precisa de passar por um detector de metais à entrada. O guarda olha para você desconfiado e só te faz pensar que se ele sentir medo ele atira e você fica ali estendido no chão. Calma guardinha que eu sou gente boa. Lá dentro existem mais umas torres e nelas estão mais policiais. Imagino por que só vejo as suas cabeças que devem possuir grandes armas prontas a disparar ao mínimo sinal de ataque.
Se sair no metro da Sé passa pelas bilheteiras e lê por cima delas BELHETERIAS BLINDADAS. Bilheteiras blindadas hein? É pesado o ambiente por aqui. Ao ficar mais próximo delas consegue ainda ler o aviso que transmite a todos que o cofre é electrónico e que a sua abertura não será imadiata. Se eu fosse ladrão para além de ter um lança mísseis para furar aquele vidro ficaria logo desmotivado por que não ia conseguir abrir o cofre.
Para quem já cá está há alguns dias isto tudo parece um estádio vazio: a malta sabe que quando há jogo o clima aquece mas quando o estádio está vazio só se pode imaginar o estádio cheio e as claques a gritar pelos seus apoiados. Este jogo eu não gostaria de ver, estou bem aqui no estádio vazio.
Existem outra maneiras de morrer em São Paulo. Se não for assaltado na sua casa você ainda pode apanhar uma bala perdida ou ser raptado para bem lonje e executado no meio do nada. É assim São Paulo e se voltar com vida do Rio de Janeiro espero continuar a escrever neste blogue.
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