(Lisboa) Nos anos 80 do século passado ouvia muito um disco de vinil: a história do macaco com o rabo cortado. Lá em casa tínhamos um velho gira-discos, sem tampa, já com sinais do tempo. Era sempre o meu pai que colocava os discos, com um cuidado preciso, quase solene, como se fosse uma operação técnica delicada.
Esse disco, em particular, tinha duas histórias. De um lado, a do macaco do rabo cortado, do outro, a clássica história da Carochinha. Não sei qual o lado que ouvia mais. A história do macaco era repetitiva, absurda e divertida, cheia de personagens parecidas com alguma coisa que já tinha encontrado mas improváveis, perfeita para a mente de uma criança. Mas o que nunca esqueci foi o final da história quando o macaco cantava: “E agora, vou-me embora para Angola.”
A fotografia que acompanha este texto mostra o Boeing 777-300ER, matrícula D2-TEJ, registada no Aeroporto de Lisboa, Aeroporto Humberto Delgado. É um avião de longo curso, com um raio de ação de 14 316 km, e chama-se “Iona”, uma referência ao Parque Nacional do Iona, no sul de Angola, na província do Namibe, uma das maiores áreas protegidas do país.
Ao ver este Boeing da TAAG, quase que oiço outra vez a voz do macaco a dizer “E agora, vou-me embora para Angola.” Só que desta vez, não é o macaco, é o avião.
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