(Lisboa) Toda a gente sabe que 1 de maio de 1994 foi um domingo. Depois disso voltámos a ter o primeiro de maio no domingo e também corridas em nesse dia, por exemplo em 2016, no Grande Prémio da Rússia. No dia seguinte desse ano, dia 2 de maio, eu tinha teste de história com o professor Manel, lá nos Salesianos. Estava no nono ano. Dessa turma que me acompanhou durante 5 anos eu perdi o rasto de todos, não sei por onde andam, espero que estejam bem. O tempo passa e as pessoas seguem os seus percursos. Hoje voltou a ser 1 de maio, é feriado como sempre, dia do trabalhador, mas calha numa quarta-feira, não há grandes prémios de F1. Não há! Os grandes prémios são nos fins de semana, há a corrida no domingo e os treinos de sexta e sábado. E passaram 30 anos!
Hoje descobri um vídeo, no YouTube, com uma parte da corrida do Grande Prémio de São Marino de 1994 na RTP, com comentários dos jornalistas Adriano Cerqueira e José Pinto, eles faziam as transmissões das corridas de Fórmula 1 na época. Há muito pouco material sobre o fim de semana do GP de São Marino de 1994 da RTP no YouTube e mesmo no site de arquivos do canal público português. Foi mais uma viagem no tempo ver registo. O vídeo mostra o símbolo da TV2, o segundo canal da RTP que em 1994 tinha esse nome. Em 1994 não havia nem Canal 1 nem TV2 na Madeira, nem com antena, nem na Cabo TV Madeirense, só RTP-Madeira. Na edição de 15 de março de 1994 o Diário de Notícias da Madeira noticia a intenção dos dois principais canais públicos portugueses serem retransmitidos na Madeira mas o processo deveria demorar alguns meses.
A corrida passou na RTP da Madeira. A prova acabou e as únicas maneiras de acompanhar a atualidade era pelos serviços noticiosos da rádio que passavam hora a hora. Havia canais de notícias mas não em português: havia a Euronews, a CNN, a DW, a NBC Super Channel que não sei se ainda tinha no nome o Super Channel, mas tudo com serviços noticiosos bem espaçados. Eu só soube da morte de Ayrton Senna no Telejornal da noite desse dia primeiro de maio. Habituado a ver alguns acidentes visualmente espetaculares com os pilotos a saltarem para fora dos seus carros a correr, para mim foi uma surpresa tudo o que se passou com o piloto brasileiro. Estar inanimado deitado na pista, ser levado de helicóptero, não eram uns bons sinais mas sempre acreditei que recuperasse a cem por cento até saber da terrível notícia. Nos dias seguintes vi as imagens que chegavam do Brasil: a chegada do corpo a São Paulo, o cortejo do caixão pelas ruas da cidade, o funeral, todas aquelas reações que ficaram na minha memória. As coisas ficaram registadas na minha cabeça, as tentativas de explicações para o acidente, as reações de figuras públicas, as manifestações do público anónimo que chegavam pela televisão, uma coisa que me marcou naquele ano. É talvez o único dia de 1994 que eu lembro-me do que estava a fazer, ou os únicos dias depois desse acontecimento.
Na segunda metade 1994 e devido a uma alteração na rede Astra, a Eurosport passou a ser captável com a antena parabólica que tínhamos em casa de um metro e vinte (no satélite Astra 1C). A Eurosport passava não só as corridas de Fórmula 1 mas também os treinos de sábado e sexta-feira e também o warm-up no domingo de manhã. Um luxo para acompanhar todo o circo da fórmula 1. E tinha também programas especiais extra que passavam durante a semana com os comentadores Ben Edwards e o ex-piloto John Watson, estes que também acompanhavam as transmissões dos Grandes Prémios. A Eurosport passava também os mundiais de futebol e os campeonatos da Europa de futebol, tudo em canal aberto. Foram os anos em que mais acompanhava a F1, os anos noventa do século passado.
Referências:
(1) - https://static-storage.dnoticias.pt/www-assets.dnoticias.pt/documents/Diario.15.03.1994.pdf
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