(Macau) Para onde é que vai? Pergunta que eu entendi mal. Portugal, foi o que eu respondi. Percebi de onde era. Se eu vinha de Portugal não me parecia uma pergunta que fizesse muito sentido mas há muitas coisas que podem não me fazer sentido mas ter um sentido ainda assim. Não, destino final, voltou a repetir. Destino final é Hong Kong e depois de uma pausa e de adivinhar o que ele estava a pensar acrescentei que falta muito ainda, foi o que eu lhe disse, já com os olhos no sentido oposto ouvi que era metade do caminho. É metade do caminho. Dubai fica mais ou menos a metade entre Lisboa e Hong Kong ou Macau que era o meu destino final verdadeiro. São muitas horas de voo mas os aviões têm cada vez mais distrações para os seus passageiros durante longas horas. São dezenas de filmes, músicas, jogos e mais recentemente acesso à Internet. Voar, que já foi dos únicos territórios onde as comunicações estavam proibidas deixou de o ser. Ainda timidamente o acesso à Internet vai se tornando uma coisa cada vez mais comum e de graça.
Mais interessante do que se passa dentro daqueles tubos de metal a alta velocidade e a grande altitude numa viagem destas é o que se passa cá em baixo.
De Lisboa em direção a Málaga, na Espanha, foi por aí que a sombra do avião tocou no Mar Mediterrâneo. Faz uma quase tangente na Argélia e corta a cabeça da Tunísia regressando ao mar logo de seguida. Sobrevoa Malta e passa a sul de Creta parecendo evitar a Líbia e entrando não na perpendicular no Egipto. Quase que toca no vértice de Israel mas não escolhe o percurso mais curto na Jordânia. Já é de noite quando entra na Arábia Saudita e é neste país que demora mais tempo de voo. Chega ao Golfo Pérsico e segue para o Dubai mas não em linha recta e ainda faz uma volta de trezentos e sessenta graus e mais de dez quilómetros de diâmetro para se encaixar no slot certo para aterrar na pista 30L. A segunda parte da viagem não é menos interessante que a primeira. Sobrevoa o Golfo de Oman e depois raspa o Paquistão e atravessa a Índia de lado a lado. Bangladesh e Myanmar antes de entrar na China e se dirigir para Hong Kong, onde aterra na pista 25R. O objectivo é estar o menos destruído possível no final destas etapas porque ainda falta a viagem de barco até Macau. O melhor ainda está por vir.
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