(Lisboa) Há mais de vinte anos atrás eu fundei um jornal. Embora o tenha fundado e grande parte das ideias serem minhas, não era o diretor nem o subdiretor. Não me importei do meu nome não ter muito destaque. O mais importante, pensei eu, era fazer passar as minhas vontades: a escrita dos textos, a organização e estilo. Foi nos Salesianos. Creio que estava algures no sétimo ano do ensino obrigatório, que eles chamavam na altura de unificado. Havia a primária que eram quatro anos, depois o quinto e sexto faziam parte do ciclo e sétimo, oitavo e nono era o unificado. Terminava aí o ensino dito obrigatório. De regresso ao tema. O jornal ficou bom e como foi o primeiro, foi copiado pelos grupos da turma de português que apresentariam trabalhos seguintes, uma prova de que um produto é realmente bom. Um jornal tinha de ter fotos e eu andei pela cidade inteira a tirá-las, juntamente com um colega de turma meu para complementar os textos. Era eu e o diretor a vaguear pela cidade. Era na verdade lazer, um lazer útil. Chegamos ao final da jornada e reparámos que a máquina não tinha rolo. Uma das fotos que bati mas na verdade nunca chegou a existir foi na placa central da rotunda do Infante a apontar para a subida da Avenida com o mesmo nome. Achei espetacular passar para a placa central da rotunda. Nunca lá tinha estado. Na verdade acho que nunca mais lá regressei. Infelizmente a máquina não tinha rolo pois creio que teria ficado uma fotografia muito boa.
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