(Lisboa) É dia de eleições europeias. Para os que leem português mas que não têm qualquer ligação com Portugal vou tentar explicar em meia dúzia de palavras, talvez um pouco mais. Hoje em vários países da Europa vota-se para eleger deputados. Deputados que são eleitos por cada país da União Europeia e têm um mandato de cinco anos.
Durante muitos anos não votei. Estudava em Lisboa e não estava no Funchal no dia das eleições. A primeira vez que votei foi por correspondência. Tempos passaram e voltei a votar, desda vez estava na Madeira e fui à Escola Industrial exercer o meu dever. Voltando à primeira vez. Houve um ano em que descobri que poderia votar na Câmara de Lisboa. Recebi o boletim de voto em casa, preenchi-o e fui lá entregar. Fiz mal. Sempre se descobre alguma coisa mal quando vamos a um serviço público. Não era a cor da caneta nem a grossura do traço da mesma. Nem o papel dobrado em origami. Não era o envelope não homologado. Aí tinha feito tudo bem. Voltei a errar noutra coisa. Nós, utilizadores dos serviços público sempre erramos. Nós erramos, eles não. Disseram-me que teria de preencher o boletim de voto lá e não trazê-lo de casa já prontinho. Na altura, imediatamente, percebi porquê: alguém poderia ter preenchido por mim a cruzinha. Haha, espertos! Como não me lembrei disso antes? Sou mesmo burro! Não sou digno de pisar este edifício de servidores públicos. Iriam aceitar o meu voto mas a funcionária da câmara teria de reportar a situação. Alguém, no alto do seu poder, mais tarde, analisaria se o meu voto poderia ou não ser aceite. Foi um erro crasso da minha parte como são todos os erros que se cometem nos serviços públicos. Já não poderia desfazer esta enorme gafe porque não haveria um boletim em branco para eu votar novamente. Nunca fui informado se o meu voto foi aceite ou não. Estes burocratas invetam uns processos muito complicados com montes de regras algumas delas pouco claras só para aumentar a probabilidade de haver filtragem. Também poderiam ter-me lavado o cérebro para eu votar em determinado partido. O melhor mesmo era levar uma declaração de independência psicológica passada por um psicólogo credenciado. A ordem dos psicólogos iria apoiar esta medida.
É um absurdo a maneira como ainda se vota. Quando até a declaração de IRS já se pode fazer através da internet, exigir que a pessoa esteja na sua área de residência num domingo é estúpido, sobretudo quando o combate à abstenção deveria ser uma prioridade mas não só de boca. Para os partidos tradicionais a abstenção não é propriamente um problema. Não é problema nenhum. O que interessa é eleger a clientela e para isso basta um voto. O resto são palavras soltas, sem intenções.
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