sexta-feira, outubro 09, 2009

IGREJA DA SÉ - FUNCHAL - A MADEIRA DOS TURISTAS

IGREJA DA SÉ - FUNCHAL
(Lisboa) Vou voltar à Madeira que eu gosto. A Madeira que os turistas procuram e não a Madeira onde nasci e cresci. Nessa eu não quero viver mais. Fartei-me do pensamento único: o pensamento oficial do regime. Cansei de tentar viver livremente numa terra que não quer, por agora, a Liberdade. Agora só quero a Madeira dos turistas. Na Madeira dos turistas não há politiquices, só há sorrisos e lazer. Para mim a Madeira política é um caso perdido. Perdido que já não acredito em democracia evoluída na Pérola do Atlântico. Acredito na luta. A luta que consiste em cansar um regime sem cor. A luta que lentamente vai mostrando às pessoas que é possível mudar, que é possível escolher e que não têm de viver com medo.

Muitos dizem que os meninos do PND são meninos ricos. É verdade. Talvez por isso tenham a coragem de fazer o que fazem. Talvez por isso não fiquem acomodados a um lugar eterno na oposição. Não ficam agarrados a uma subvenção vitalícia. Há quem procure (a segurança e regalias) uma vida inteira e não consiga. Outros procuram e alcançam. Outros lutam para serem livres, para serem dignos. Talvez sejam ricos, mas são corajosos também. São ricos mas não são vendidos.

O que se tem passado nessas inaugurações da treta é muito grave. O que agora foi exposto já começou há muito tempo. Há tanto tempo que já ninguém liga. Sorri-se muitas vezes, sem pensar na gravidade.

Já viram a dura empreitada que é explicar a um assalariado do poder: uma pessoa que conseguiu ser alguém na vida por que tem o cartão laranja que impedir um protesto é imoral. Explicar que deixar entrar uma pessoa só porque vai apoiar e impedir outra de entrar porque é do PND a uma pessoa dessas é impossível. Ele nunca vai perceber: é o seu ganha pão que está em causa.

Cheguei a pensar muitas coisas. Cheguei a pensar em deixar de ser madeirense depois do que vi AJJ e seus capangas fazer. Mas ser madeirense é ter nascido na Madeira e isso ninguém me pode tirar. Nem eu próprio. Nasci naquela terra onde as pessoas vivem oprimidas e com medo e só podem dizer bem do chefe. Paciência. Mas eu não faço parte da maioria. Não gosto dos laranjas. Nunca gostei e nunca gostarei. Ninguém me pode obrigar a gostar desses seres.

A verdade é que as pessoas do PND fizeram-me acreditar outra vez na oposição. Décadas de oposição politicamente correcta contra um PSD-M que não respeita ninguém. Respeito as opiniões de pessoas como André Escórcio. Ele é mais velho que eu. Tem a calma que a idade acaba por trazer. A lucidez da experiência. Mas olhando para toda a oposição nestas três décadas de poder só os vi serem humilhados. O PND trouxe ar fresco. Podem não concordar com os métodos deles mas concordam com os métodos que vigoram na Madeira há mais de trinta anos? Se responderem sim a esta última pergunta então consultem um psiquiatra por favor.

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