sexta-feira, janeiro 23, 2009

OLHAR O FUTURO

(Lisboa) Recebo por email muitas mensagens que a mim não me interessam nada. Recebo para além disso no meu filtro de spam centenas de mensagens por mês que nem vejo. De vez em quando, no entanto, eis que uma mensagem me toca, me faz pensar o que pode não ser mais do que um momento por mim proporcionado ou então motivado pela própria mensagem. Pode ser um vídeo, uma apresentação em Power Point, uma imagem, não interessa, de vez em quando alguma coisa consigo apanhar de interessante. Acho normal, por isso é que me inscrevo em muitas newsletters, por isso é que leio muitos blogues, para ver o que se faz por aí, para ver o mundo sempre com a certeza que este é apenas o meu ponto de vista.

Recebi esta mensagem:

EMPREGO - Para reflectir (made in Portugal)


É A BRINCAR, MAS É VERDADE.

MEDITE NISTO QUEM TEM FILHOS

À PROCURA DO 1º EMPREGO....


TALVEZ DEIXAR A FRUTA ESPANHOLA,

A ROUPA IDEM, E COMPRAR PORTUGUÊS....





Dá muito que pensar...

Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café
(importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic),
barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China).



Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e
um relógio de bolso (Made in Swiss).



Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira
(Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain),
pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia
gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand)
para ver as previsões meteorológicas.



Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo
de laranja (produced in Israel), entrou no carro (Made in Sweden) e
continuou à procura de emprego.



Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu
telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o
António decidiu relaxar por uns instantes.



Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in
Denmark), serviu-se de um copo de whisky (produced in Scotland), ligou a TV
(Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar
um emprego em PORTUGAL...


Não sei quem será o autor. Pode já se ter cruzado comigo no metro, no autocarro, na estrada. Pode ser meu colega de trabalho, não sei. A mensagem não está editada, foi reproduzida tal como a recebi. Engraçado como não produzimos neste país aquilo que maioritariamente consumimos. Nem o que produzimos somos capazes de consumir. Portugal não fabrica carros de uma marca portuguesa mas poderíamos comprar só os que são montados aqui. Quantos aparelhos eléctricos tem em casa com a marca Made in Portugal?

Há uns dias satisfiz o desejo de ir ao Parque Temático. São €10 de entrada e para mim valeu a pena. O que encontrei lá dentro sobre o Parque propriamente dito posso descrever noutro artigo mas o que vos queria contar era que senti fome e fui ao bar comer uma refeição. Pedi um daqueles menus que todos os bares têm com uma bebida, umas batatas fritas e mais umas porcarias satisfatórias na hora, nulas em termos nutritivos. Esses menus não eram, no entanto, acompanhados com as bebidas da região: as brisas, as brisas colas, as brisol. Tinha de pedir uma fanta ou uma coca-cola ou algo equivalente. Acham que não tem nada a ver, eu acho que tem. Não se percebe como é que as bebidas regionais têm o mesmo preço que as que vêm de fora da Madeira mas isto é só para exemplificar que não consumimos o que é nosso.

Querem mais um exemplo. O computador Magalhães. Toda a gente já ouviu montes de piadas sobre ele. Nós gostamos de cuspir no que é Nacional de uma maneira bárbara, de uma maneira suicida, isso mata-nos aos pouco. Na verdade não nos mata mas empobrece.

Não temos uma marca de telemóveis nossa. Não temos uma marca de carros nossa. Não temos uma data de coisas que precisamos de comprar aos outros para ter. De onde vem o dinheiro que usamos para comprar essas coisas? De algum lado deve vir. Muitas vezes de empréstimos, da maior parte das vezes para ser mais rigoroso. Carros pagos em infindáveis prestações de apenas não sei quantos euros, viagens de férias pagas a prestações, móveis, até pequenos electrodomésticos. Até nisso.

Cada vez que pedimos emprestado para comprar o que não produzimos estamos mais pobres. Nada de novo leu neste texto mas para é mim é mais um desabafo.

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