(Lisboa)
"(Lisboa) Alguns blogues manifestaram hoje repúdio pela atitude do deputado do PND. Certo, nada contra, cada um tem o direito de julgar pela sua própria cabeça mas onde estavam estes justiceiros modernos quando eram pessoas do PSD-Madeira a insultar colegas seus de parlamento? Onde estavam a defender a assembleia quando outros eram humilhados em frente de toda a gente. Como posso eu condenar uma pessoa pelas suas actividades pouco respeitosas pela democracia quando esta última é continuamente desrespeitada por outros. Há aqui um princípio de coerência que é preciso ter."
Boa noite Ricardo,
Sou obrigado a discordar parcialmente contigo.
Pese seja muito crítico em relação à postura muitas vezes anti-democrática dos deputados da bancada laranja - basta olhar às declarações recentes registadas de que propostas da oposição pura e simplesmente seriam chumbadas sem apelo nem agravo, por muito boas que estivessem - creio que terão que existir certos limites.
Os fins não justificam todos os meios. Creio que só assim poderá ser salvaguardada um certa postura moral em relação às posições muitas vezes assumidas por certas pessoas na bancada da maioria. É nesta linha que a efectiva diferença poderá ser vincada.
Eu por exemplo, pese até compreenda o porquê da acção do deputado Coelho [realmente esta alteração de regimento é um atentado à cultura de pluralidade democrática própria de democracias maduras - que não é o nosso caso, pois a rotatividade eleitoral habitual, sintoma de maturidade do sistema, é uma miragem na nossa região], não posso pactuar com a forma de protesto seguida, ainda para mais no local onde o mesmo foi feito.
Bem sei que olhando para trás, alguns dos maiores regimes ditatoriais da história foram criados a partir do cerceamento de liberdades, votadas em parlamentos eleitos - basta ver o trajecto da Alemanha de Weimar e a ascensão de Hitler.
Há claustrofobia política e ausência de plena democraticidade na região? Sim, é verdade. No entanto há que ter em conta que a comparação efectuada é muito grave e proibida pela nossa Lei Geral [leia-se Constituição] . E não é moralismo apontar isso.
A Assembleia Legislativa Regional da Madeira, orgão máximo por excelência representativo da vontade popular dos Madeirenses e Portosantenses deve ser palco da máxima elevação. E o combate a estes constrangimento não podem pôr em causa a tal reserva moral onde o debate político se deve efectuar (mesmo que certas pessoas não o mereçam).
Olhando de uma outra perspectiva, fazendo o papel de "spin doctor", como André Escórcio refere no seu espaço [Com Que Então...!], esta situação apenas vem dar trunfos ao outro lado, podendo o partido do poder ganhar pontos com a posição de vitimização, dando azo a uma melhor aceitação por parte da população aos constrangimentos que querem impor - que recorde-se poderão lesar gravemente a qualidade de debate e fiscalização por parte da oposição na Assembleia ao já todo o poderoso Executivo Madeirense.
Mas nem vou por esta linha.
Já basta os patéticos episódios de enxovalhamentos anteriormente registados [por vezes como bem dizes por elementos da maioria] ou o esquecimento a que o órgão foi votado, aquando da visita à região pelo Presidente da República em Abril.
Da mesma maneira que repudio estas acção, repudio esta acção realizada hoje. Com a agravante que a exibição de simbologia afecta a teorias nazi ou fascista são punível por lei.
Julgo que foi nesta linha que a maioria dos textos de repúdio que li (ou em última instância aquele que eu próprio escrevi) se inserem.
abraço
Il _messajero
Obrigado a todos os meus leitores.
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