(Funchal) Sempre fui contra a instalação de estacas de metal ao longo dos passeios na nossa cidade do Funchal. Tornam os passeios em corredores, em canalizações de pessoas. A circulação fica muito condicionada com estas estacas de metal espalhadas por toda a cidade. O argumento inicial era dificultar os estacionamentos dos carros, tornar impossível estacionar em cima das vias reservadas aos peões não precisando assim a polícia ou qualquer autoridade intervirem. Para além de achar esse argumento ridículo porque as regras e leis aplicam-se e são para serem respeitadas independente do gosto individual de cada um ou da falta de pachorra dos que têm de garantir a sua aplicação, os mesmos carros continuam a parar não em cima dos passeios mas mesmo ao lado. Não admira, no entanto, esse argumento ser usado, já que vivemos numa terra onde nem os maiores responsáveis se incomodam de promover a desobediência às regras. O tradicional não vai demorar nada, é só um bocadinho. Ligam-se os quatro piscas e quem vem atrás que se lixe! E é ver os da faixa da esquerda todos contentes a passar, os da faixa da direita a fazerem pisca para a esquerda todos stressados e lá conseguem se meter provocando buzinadelas dos que circulam pela faixa desocupada. O pobre condutor volta ingenuamente a passar para a faixa da direita e volta a encarar outro ilustre cidadão com os quatro piscas ligado.
Vale tudo para colocar os quatro piscas ligados: comprar o jornal, esperar alguém que vai sair do prédio, meter umas caixas no porta bagagem, tudo serve de desculpa para se causar a confusão. Na rua 31 de Janeiro chegam a ser quatro ou mais carros parados entre cada cruzamento de passagem sobre as pontes que cruzam a Ribeira de Santa Luzia. Na prática e nestas circunstâncias, toda a faixa da direita fica com a circulação comprometida ficando esta rua com apenas uma faixa. Problema: as pessoas estão a ficar muito dependentes do carro para tudo e mais alguma coisa, têm de parar mesmo em frente do seu destino, não podem perder nem mais um segundo. Andar de transporte público é daquelas coisas que ainda fica mal. Solução: a polícia precisa de ser mais dura. Nos sítios onde é proibido parar quem não perceber vai ter de ser multado.
Deixem-vos contar uma pequena história passada num daqueles países considerados de terceiro mundo, comparado com o nosso. Uma vez, em Paris, uma motinha passou no vermelho do semáforo e apareceu logo um carro com POLICE escrito nas portas a persegui-la. Nós aqui não temos disso porque a própria polícia deixa passar. Eles próprios, como se vê na imagem, usam a indisciplina geral para uso próprio. Se as regras são cumpridas cai por terra a necessidade que alguns viam em colocar estacas de metal por toda a cidade. Quem diz estacas de metal também diz bolas de pedra ou vasos quase uns em cima dos outros como acontece na Rua Fernão de Ornelas.
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