sábado, junho 30, 2007

NO MUNDO DO JÁ FEITO E DO PRONTO

(Lisboa) Disse o entrevistador ao entrevistado que ele não ficaria porque estavam à procura de pessoas que já soubessem "fazer as coisas" e não estavam ali "para perder tempo a" ensinar ou dar tempo ao outro para "aprender". Segundo o mesmo pobre coitado o projecto não permite esse gasto de tempo. Fica-se a pensar será ensinar e aprender perda de tempo? Também fiquei a pensar: teria o entrevistador QI positivo? Quem o teria contratado? Terá já nascido com os conhecimentos todos? De facto essa gentalha não gosta de aprender por isso é que não evolui. Fico muito triste não só por mim (mas também) por que muitas pessoas são recusadas em determinadas posições por não terem experiência na área embora possuam um potencial grande. Isso não pode ser um argumento forte, a falta de experiência, para que não haja contratação. O empreendedor ou recrutador médio português está, normalmente, à procura de alguém que já saiba fazer tudo ou quase tudo sem ter de aprender nada ou necessitar perder tempo a aprender. Assim, pensa ele, estará à procura do profissional ideal.

Uma sociedade que não tem tempo para ensinar não vai a lado nenhum. Não vai a lado nenhum porque não forma as pessoas, aproveita as que já estão formadas recusando a entrada no grupo de outros exteriores a ele. Não vai a lado nenhum por que não transmite valor às gerações que se seguem. As pessoas já devem saber tudo, mas onde vão aprender?
Não vamos a lado nenhum mas o que não falta por aí são recrutadores de baixo calibre. O nosso país está entregue a gente rasca desta que cheira mal cada vez que abre a boca e não só.

Sem comentários: