terça-feira, maio 01, 2007

A CAMPANHA NA MADEIRA

(Lisboa) Eu ainda sou do tempo em que os partidos cobriam as ruas com pequenos papeis do tamanho de bilhetes de cinema. Pequenos papeis que tinham apenas impresso o símbolo da organização e pouco mais do que isso. As ruas ficavam cobertas por esses papeis pequenos igual a uma rua depois de um cortejo de Carnaval. Era igual. No fundo foi a isso que as campanhas nos habituaram: habituaram-nos ao Carnaval, habituaram-nos a nada nos esclarecer, a serem festivais de insultos. Os próprios insultos não são trabalhados, são básicos, de baixo nível. É literalmente a força dos mais fortes e não dos mais inteligentes ou dos mais capazes. Quem tem poder tem muito mais condições para o manter do que os que não o têm.

Muita gente me tem perguntado a razão de não falar sobre a campanha. Porque a campanha mesmo acompanhada de longe parece-me muito nojenta. Cheira muito mal. Coisas que se compreendem em amadores e pouco experientes nestas coisas já não se percebem em pessoas que sabem que já ganharam, que já ganharam tudo o que havia para ganhar.

Se se confirmarem as projecções no Domingo e a maioria se mantiver ou for mesmo reforçada eu penso que a oposição deveria fechar as portas. Fechar mesmo. Imagino que os prédios dos partidos que a representam poderiam ser abandonados e vendidos. Essas pessoas a quem o destino levou por caminhos errados deveriam filiar-se no PSD e assim tentar o caminho do sucesso fácil tentado agradar o máximo possível ao chefe sem nada fazer de concreto. Se o PSD-M ganhar outra vez com maioria reforçada a oposição deveria renunciar aos seus lugares no Parlamento Regional pois de nada adianta tentar esvaziar o mar com um balde. Numa terra onde os representados votam em massa num único partido isso só quer dizer que se sentem bem representados. Está tudo bem. Se está tudo bem para quê mudar?

Os culpados não são os candidatos ou os que ocupam os lugares de responsabilidade. Esses são uma amostra dos cidadãos. O que se passa é que o universo é medíocre e sendo assim a amostra que o representa também o é. Para quê mudar? Mudar custa. Mudar é um choque que a maior parte das pessoas não está em condições de sofrer.

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