sábado, fevereiro 24, 2007

MARCA MADEIRA

(Lisboa) A ideia não é nova. Já existem movimentos para promover o consumo de produtos portugueses. Talvez um dos primeiros, talvez o mais conhecido, seja o Movimento 560. O que não conhecia era um movimento para promover os produtos madeirenses, mas existe, é o Marca Madeira.

MARCA MADEIRA
Os mais liberais podem pensar que esses movimentos não promovem a competitividade. Podem argumentar que cabe ao consumidor dar preferência ao melhor produto e aí permitam-me que vos diga, estão, na maior parte das vezes, a cair na armadilha que o mais barato é sempre o melhor. É claro que o preço é um critério importante principalmente num país em que grande parte das pessoas vive a contar os tostões para dar até ao fim do mês. Esses problemas de dinheiro de grande parte da população são bem conhecidos. Mas porquê comprar um produto que vem de muito longe, muito longe mesmo, por vezes vem do outro lado do planeta quando um produto com as mesmas funções é produzido localmente. Já se perguntaram por que certos produtos são mais baratos? Exploram mão de obra barata com condições de trabalho também baratos, depois são transportados em grande quantidade e conseguem ser por vezes significativamente mais baratos.

Mas já viram o preço que estamos a pagar? Eu acredito que muitos problemas de dinheiro que temos são puramente artificiais: é certo que se ganha pouco em Portugal comparado com, por exemplo, Inglaterra, ou França, ou Espanha, até a Irlanda explodiu e nós não. Mas reparem que nunca se viveu tão bem e em média, em Portugal, como agora. O conforto nunca atingiu, em média mais uma vez, níveis tão altos como agora e baseio-me em números para dizer isto: basta olhar para os consumos do Natal passado e ver que há muito dinheiro nos bolsos dos portugueses. Pode até ser menos que nos bolsos dos espanhóis, menos que na carteira de um irlandês (de certeza), do que na conta bancária de um inglês mas mais do que havia há vinte anos na mesma carteira cá em Portugal ou numa carteira qualquer de um português médio qualquer. A pressão para o consumo é muito maior agora. O problema é ir a uma loja comprar um produto que andamos à procura e sair de lá com mais meia dúzia que não pensávamos precisar mas que lá faz todo o sentido comprar e faz toda a falta do mundo na ocasião.

Ao darmos preferência a produtos locais estamos a deixar o dinheiro localmente, estamos a promover o emprego localmente e estamos a dar um voto de confiança para que o produto seja melhorado, estamos a contribuir para a economia local e nacional. Por outro lado e a eficiência energética é muito importante também nestes casos: esse produto vai ser mais facilmente transportado para nós e com menos emissões de CO2 sendo portanto mais ecológico consumir produtos locais (o meu site globalwarming awareness2007). Portanto essa visão de que o preço é o único critério para que um produto seja mais competitivo que o outro é um falso argumento. O preço que se paga na caixa pode até ser menor mas se calhar a factura chega mais tarde quando já for mais difícil de consertar.

Sem comentários: