FALTAS DE CIVISMO

(Lisboa) Numa rua cheia de tráfego na Pontinha pára uma carrinha de congelados encostando o mais que pode à sua direita mas não sendo mesmo assim suficiente para os carros que vêm atrás passar. Sai o homem para fora do automóvel, abre a porta do frigorífico e tira os congelados para entregar na loja mesmo ao lado. Entretanto a fila de automóveis acumula-se atrás.

Pensa o animal que vem dentro da carrinha: eu não tenho lugar para parar em frente à loja da entrega logo vou parar aqui e eles que esperem. Pensa ele assim e pensa a criatura que pára o carro bem na curva porque é o mais perto da porta do apartamento, pensa o ilustre cidadão que pára em segunda fila e acha que é só ir ali ao café. É uma falta de civismo que anda por aqui.

Por vezes imagino-me a sair do carro com uma caçadeira e matar essa gente à bruta mesmo. Não disparava a caçadeira, pegava na caçadeira e como taco de basebol partia-lhes a estrutura óssea com tanta força que os matava à primeira. Mas é só imaginação. No fundo chego mesmo à conclusão que é só uma questão de localização da indisciplina. Somos atrasados porque não sabemos viver com os outros. Achamos que o espaço público é propriedade nossa e mesmo a nossa propriedade tratamos mal.