terça-feira, outubro 03, 2006

FICHAS DA IRLANDA - 054 (BRAY)

BRAY VISTA DO MONTE DA CRUZ
(Lisboa) Isto de mau tempo ou bom tempo é tudo muito relativo. Antes de ir para a Irlanda muita gente dizia-me que lá estava sempre a chover. Chove muito por lá mas também não é verdade que esteja sempre a chover, chove muito mas não está sempre a chover. Não é comparável a Lisboa. Por cá já deu para perceber que o Verão foi embora, está mais fresco ao fim do dia mas mesmo no pico do Inverno é possível estar uma, duas, três semanas sempre com bom tempo, com o céu azul. Nesses dias de Inverno com o céu limpo faz um frio de bater dente mas o céu azul dá-nos outro contributo em termos de humor que só frio e céu cinzento não dão.

E o Tempo tem muito que ver com a roupa não tem? Na Irlanda usava secadora para secar a minha roupa. Não é a mesma coisa, a roupa fica sempre com um cheiro que não é agradável, um cheiro de gato molhado, muito incómodo. É possível colocar a roupa a secar normalmente mas tem de ser no interior das casas porque o tempo não é de confiar e de uma hora para outra começa a chover.

Nesta imagem aqui em baixo vê-se a linha que vai de Bray para Greystones. Até Bray são duas linhas que logicamente são usadas uma em cada sentido. De Bray para Greystones apenas uma linha existe. Cheguei a ir a Greystones uma vez. Uma cidade ou vila simpática mais uma vez com muitos pubs, mais para a frente publicarei o que tenho.

LINHA DE COMBOIO QUE VAI DE BRAY A GREYSTONES

Muitas vezes tenho a ideia que passo a mensagem que a Irlanda não tem muito para ver. Não é verdade, é um país muito bonito e tem muita coisa para ver. Ainda que eu pense que ver é sentar-se numa rocha e contemplar a paisagem, ver os indígenas nas suas movimentações, captar os detalhes, perceber para que direcção cardeal se está a olhar.

Por vezes desaponto-me de ouvir que o sítio A ou B não tem nada. Não tem nada? Como assim não tem nada, pergunto eu? Não tem nada é a resposta que volta de novo. Não existe o nada neste planeta. O nada existe no espaço, no vácuo, bem longe dos sistemas solares, mesmo assim se calhar até existe um átomo por aqui ou por ali lá nos confins do universo. Depois percebo que o não ter nada para essas pessoas é não ter centros comerciais ou discotecas. Já tá tudo visto dizem elas. Não está nada digo eu. Esta dificuldade de encarar o silêncio e a tranquilidade é uma coisa tão parva nas sociedades actuais que por vezes tenho vontade de mandar os autores desses comentários embora. Vão embora lá para os vossos centros e as vossas discos. Por vezes não há paciência!

É tão bom estar na praia com pouca gente, sem correr o risco de levar com uma bola no meio das costas ou poder nadar sem ver um surfista a entrar pela nossa testa. Ir ao supermercado a meio da semana é ainda melhor, de preferência no dito horário laboral. Eu não gosto de ir com a manada. Posso? Dão autorização? Posso respirar?

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