(Dublin) Hoje alguém foi despedido. É sempre ao fim do dia. Primeiro chamam a pessoa. Depois dão-lhe a notícia. Não sei se será assim, nunca estive lá presente mas se chamam a pessoa para um quarto deve ser para dizer que ela foi despedida. Não deve ser para falar do jogo de ontem do Campeonato do Mundo de Futebol. Depois uma gaja qualquer fica sentada na secretária ao lado da vítima e um dos managers vem também trabalhar com o seu computador para perto da pessoa (apeteceu-lhe, vejam lá, ir trabalhar para ali). Depois ela vai embora e de certeza que já não aparece amanhã de manhã. Parece que ao contar estas coisas estou a ficar uma pessoa de direita, sem sentimentos, um Paulo Portas da vida, um daqueles do PP qualquer, não interessa o nome. Entretanto ficam todos muito chocados e eu também estou e provavelmente ficam assim por uns dias como já aconteceu antes.
Esta questão trás outras questões atreladas. O direito ao trabalho. O direito ao trabalho, a ter uma profissão. Depois de estar nesse trabalho esse posto é do trabalhador até que ponto? O que está no contrato? Mas o que está no contrato deve ser o quê? O lugar é do trabalhador e ele faz o que quer ou o lugar é da empresa e ela faz o que quer? Pode a empresa chegar assim ao pé duma pessoa e mandá-la embora no próprio dia (tanto pode que faz mas é justo que o faça)? Até que ponto é que o lugar é mesmo da empresa. Sim por que uma empresa não funciona sozinha, precisa de trabalhadores e até que ponto esse trabalho sendo exercido pelo trabalhador não é dele também e a empresa então também um pouco dele também? Muitas perguntas feitas por alguém que detesta estas ideias liberais que agora parecem que vão ficar por muitos e bons anos.
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