sábado, abril 16, 2005

LIMITAÇÃO DE POLITIQUINHOS

Sempre imaginei um cargo como Presidente da República, Primeiro-Ministro, Presidente de Câmara, Presidente de Junta e outros cargos públicos como actividades de contribuição e não como lugares onde as pessoas se eternizam e fazem de tudo para se manterem no poder. Sempre imaginei que seria muito mais produtivo colocar nesses cargos elementos que viessem de vários sectores de actividade do que colocar em lugares de responsabilidade aqueles só sabem fazer o mesmo que faziam há trinta anos atrás. Sempre o mesmo e da mesma forma. Vejo a recente proposta de lei de limitação de mandatos como uma excelente maneira de mandar, de uma maneira que considero digna, aqueles politiquinhos de copo de vinho na mão e muito alcool na cabeça para casa ou para outro sítio onde possam ser bons profissionais como tenho a certeza que muitos tentaram ser nos cargos que ocuparam. Há momentos para tudo e certamente os cargos públicos não são para fazer carreira ou não deveriam ser usados por pessoas que por não saberem fazer mais nada se apegam às suas funções como se o público e a propriedade privada deles fossem o mesmo.
Depois de muitos anos no mesmo sítio as amizades criam-se, os clientes fidelizam-se, os favores tornam-se um dado adquirido e tudo funciona em torno das mesmas caras, dos mesmos. E isso limita, castra a renovação, tira-nos inovação, tira a hipótese de uma comparação. Como se pode comparar se só existe um elemento? Como se pode dizer que este é bom se não existe aquele? Como se pode fazer isso? Alguém pode explicar? Durante muitos anos a viver na Madeira deu para perceber que PSD e Governo Regional muitas vezes eram usados como sinónimos e assustou-me porque não são palavras que significam o mesmo e não podem ser. Habituei-me a ver as mesmas caras desde que nasci e por vezes cheguei mesmo a perguntar-me, em momentos de evidente doença mental, felizmente passageiros, para quê mudar? Toda a gente tem pai e mãe e habitua-se a vê-los desde criança e não pensa em mudar o seu pai ou a sua mãe mas um cargo público não tem nada de pai e de mãe. Nada.
Alberto João Jardim, tão egocentricamente quer por tudo batizar esta lei de LEI JARDIM, quer acima de tudo mais e mais protagonismo e está a lutar pelos seus interesses como aliás sempre fez e sempre fará e como aliás todos nós normalmente fazemos. Cabe-nos a nós também lutar pelos nossos interesses e é nosso interesse muitas vezes mudar de estratégia, mudar de valores, mudar emprego, mudar de amigos, mudar de caminhos, mudar de casa. Não existem pessoas insubstituíveis em nenhum sítio do mundo e a ideia do chefe que se eterniza no poder e que nos guia para todo o lado é uma ideia e um conceito que quero acreditar que está ultrapassado e no grupo de países desenvolvidos que eu quero que Portugal faça parte está ultrapassado concerteza.
A nova proposta de lei que pretende limitar a duração de certos mandatos e infelizmente alguns ainda ficaram de fora é uma inevitabilidade e mais cedo ou mais tarde teria de acontecer.

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