sexta-feira, setembro 14, 2007

SE EU FOSSE O PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL

(Lisboa) O autor do blog Madeira minha vida, Madeira meu país! lançou um desafio. Um desafio que não deveria ser dirigido só aos bloggers Madeira mas a todos os madeirenses ou todos aqueles que vivam na Madeira por razões profissionais ou outras.

O desafio é o seguinte, imaginem que são presidentes do Governo Regional da Madeira. Chegou a hora. Muita gente se queixa mas chegou a hora do povo deixar a democracia dos cafés e passar à prática. Nesse desafio são apresentadas muitas perguntas em formato de entrevista.


O que faria?

O tempo passa e eu muitas vezes pergunto-me por que certas zonas do globo são abençoadas pelo desenvolvimento e pela prosperidade e outras não. Será pela latitude? Será uma característica genética de cada povo? O que será? Todos os países desenvolvidos ou mais desenvolvidos que o nosso têm boas escolas e universidades. Não há volta a dar. A Irlanda desenvolveu-se por que apostou na educação. Apostou nas pessoas, na sua formação. Os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Suécia e outros têm boas escolas, têm boas faculdades, sabem passar o conhecimento. Grandes empresas mundiais nasceram nos berços de universidades e aprenderam a andar no meio académico antes de se fazerem à vida. É por aí que passa o desenvolvimento.

Nestes últimos anos, nestas últimas décadas, muita coisa mudou na Madeira. O desenvolvimento deu-se mas muito à custa da construção civil. Muitos dos que se desenvolveram foram os construtores civis que ganharam fortunas com todo o investimento feito. A cultura do cimento e do alcatrão é fantástica mas não permite que muitos sejam prósperos, só alguns: os que constroem em cimento e em alcatrão. O leitor provavelmente sabe de obras que foram feitas e que pouco ou nada servem: estão vazias ou são meras desculpas para se poupar cinco minutos aqui ou sete minutos mais ali à frente nos passeios de Sábado e Domingo. Na escola é que está a nossa riqueza futura, não é no alcatrão.


O que mudava?

Esta pergunta confunde-se com a primeira e acho que vou indicar a leitura da minha resposta em cima. Quero acrescentar só que se acabavam as tolerâncias de ponto.


O que mantinha?

Há uma coisa boa no poder laranja: a vontade de desenvolver a Madeira. Isso mantinha.


O que é que não tinha feito em 30 anos?

Eu não teria ficado no poder 30 anos. Acho isso uma aberração da democracia. Ficar na presidência durante 30 anos é uma aberração. Toda a gente sabe da maior facilidade em se ser reeleito do que ser eleito pela primeira vez. O acto de exercer o poder é uma espécie de campanha durante o tempo do mandato. Os eleitores habituam-se a ver a pessoa, acabam por conhecer a personagem, acabam por sentir uma certa familiaridade com o eleito. Por isso sempre defendi o limite de mandatos. O poder corrompe. O poder cria vícios. Sempre escrevi que estes cargos públicos são cargos de contribuição. Uma pessoa tem uma profissão, interrompe essa actividade para desempenhar o cargo público e depois volta para a sua vida. Não faz sentido fazer carreira como Presidente do Governo. A certa altura todo o círculo eleito está instalado, está profissionalizado e acabam por ser sempre as mesmas pessoas a fazer tudo. Isso é péssimo por que corta criatividade e não origina novas ligações e novas ideias.


O que é que tinha feito em 30 anos?

30 anos dá para fazer muita coisa. Ficar 30 anos na Presidência do Governo da Madeira é estar agarrado ao poder. É viver para o poder e não pensar em mais nada que em se manter lá. A certa altura só se pensa na manutenção. Não há criatividade, não há risco, não há ideias novas, só mais do mesmo.

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