(Lisboa) A Rua de Santa Luzia não está muito diferente daquilo que era nos meus tempos de catequese. Os carros estacionados até podem ser outros, mais modernos, mas continuam estacionados até lá em baixo, à Calçada da Encarnação. A Escola Básica Bartolomeu Perestrelo fechou em 2004 (1). Mudou-se para outro sítio, mas o edifício verde enorme felizmente continua lá. Não foi demolido, parece abandonado. É um belo edifício e é uma pena que esteja sem uso. Já nos meus anos de secundário colegas de turma que por lá passaram comentavam que o edifício estava muito degradado. A casa da Neusa que ficava bem no final da rua, de frente, foi deitada abaixo para construir um prédio de apartamentos. Ela, a irmã e os pais foram mudados à força para o Bairro da Nogueira, na Camacha, no início dos anos noventa do século passado. Que eu saiba não houve violência, usei o termo mudar à força por que não havia outra escolha para eles, aparentemente. A Neusa e a irmã mais nova costumavam estar as duas atrás dos tapa-sóis a comentarem quem passava na rua. O mais engraçado é que quem por lá passava ouvia as duas a cochichar. Quando passo por aqui lembro-me dos sábados à tarde de catequese. Foram muitos mas muito menos dos que já passaram desde então. Lembro-me disso e dos sermões do Padre Lobo com a sua voz arrastada e estilo austero. Ele tinha mesmo um aspecto pouco simpático. Lembro-me também das minhas catequistas que foram sempre as mesmas e cuja filha de uma delas foi minha professora de matemática durante três anos, nos Salesianos. Eu acho que naquela altura estávamos todos apaixonados por ela, na turma. Por ela, pela professora de Biologia do oitavo ano e pela professora de Geografia do sétimo. Naqueles anos os Salesianos eram ainda uma escola masculina. Passou tanto tempo que já nem me lembro do nome das duas últimas, Jeanette era o nome da professora de matemática e talvez por ter este nome ainda me recorde dela.
Referências:
(1) - https://funchalnoticias.net/2015/02/15/antigo-seminario-ao-abandono/
