(Lisboa) Queridos ténis, foram milhares de quilómetros que percorremos juntos, à chuva ou ao sol, do frio das madrugadas de janeiro ao calor tropical matutino de julho e agosto. Tudo somado daria para ir e vir ao Funchal (pelo fundo do mar) umas quatro ou cinco vezes, embora o vosso fabricante recomende menos de mil quilómetros, bem menos de mil quilómetros.
Por diversas vezes meti-vos na lama, chegaram mais molhados do que se estivessem dentro de água e nunca reclamaram, eu não poderia ter melhores companheiros.
Obrigado por terem protegido os meus belos pezinhos nestas muitas horas que passamos juntos. Vai chegando a hora de passarem o testemunho a outros que se seguirão, mas não fiquem tristes, é apenas mais uma etapa do vosso percurso. Agora serão senadores, ficarão mais parados mas continuarão a me acompanhar em desafios menos exigentes fisicamente mas de valor, tão variados e interessantes como idas ao supermercado, viagens fora, caminhadas.
E não se esqueçam de transmitir aos novos a vossa longevidade, a vossa capacidade de absorver a minha passada com raiva, a vossa motivação quando o que eu queria realmente era não ir e ficar no quentinho.