domingo, outubro 19, 2025

LPMA

LPMA - TAP - A320 - CS-TNJ

(Lisboa) A pista 05 do Aeroporto da Madeira (LPMA), onde já aterrei muitas vezes, e de onde descolei todas essas vezes mais uma. Porque por cada partida aguarda sempre um regresso, a viagem só se completa quando volto ao ponto de onde parti. Cada descolagem é um número ímpar, cada regresso um movimento par, é como a fase e o neutro de uma instalação elétrica, a corrente circula quando neutro e fase se encontram.

Do lado de Santa Cruz ou de Machico, já passei por ali a rir, a chorar, triste e alegre, com muitas emoções misturadas, cada emoção um ingrediente de um ovo mexido que eu sou. Cada voo traz o turbilhão de sentimentos que acompanha cada partida, cada regresso.

Em Lisboa, e em todos os outros sítios, é ao contrário: o ciclo só se fecha quando vou embora, a corrente só circula quando o interruptor se fecha.

Mas eu gosto do par e do ímpar, e gosto de encontrar estes padrões sem significado, ou com o significado que cada um de nós quiser dar, que em cada momento pode ser diferente. As viagens são únicas por causa disso: em cada movimento um circuito se fecha, do lado de cá ou do lado de lá, provocando movimentos de carga entre as fases e os neutros da vida. Porque a nossa vida é corrente alterna, é frequência, é ir e voltar de um sítio qualquer para outro sítio qualquer, por terra, por água ou por ar.

Na imagem ou na sequência de imagens, que hoje é um GIF, quem fecha o circuito é ele, o CS-TNJ, Florbela Espanca, Airbus A320 da TAP, desta vez, descola não da pista 05, mas da pista 23, em sentido contrário. Protagonista silencioso de tantas partidas e regressos, regressos que são partidas no assento do lado e partidas que são regressos no assento da frente, mesmo parados estamos sempre em sentidos contrários. Um voo, tantos sentidos de vidas.

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