(Lisboa) Já estamos em 2022. Como o tempo passou. Os temas da actualidade são: as eleições e os seus debates, e a pandemia. A pandemia, sempre a pandemia. Essencialmente isto, do ponto de vista de uma pessoa que viva em Portugal.
Eu sei que a ciência não me permite mas imagino-me muitas vezes a viajar no tempo. A visitar épocas que vivi e como seria viajar para épocas em que não vivi. Mesmo em épocas que não vivi seria interessante ir a sítios onde não fui na altura. Viajar no tempo, se fosse possível, seria mais ou menos como comprar experiências. Aquelas caixinhas que se vendem nos supermercados em embalagens sexy, com a grossura de um livro. Viagens no tempo teria de ter uma categoria própria, não poderia estar na categoria de Restaurantes, ou Lazer ou mesmo Aventura. E a caixa? A caixa teria de ser maior do que aquelas que descrevi, do tamanho de uma caixa de uma televisão de quarenta polegadas, no mínimo. Com o ano escrito em grande e branco num fundo preto, sem nenhuma imagem para o cliente não ficar condicionado a visitar este ou aquele sítio ou evento.
Dentro da caixa tem uma estrutura metálica que se deve montar à volta de uma porta, uma porta qualquer. Esta é a porta de entrada no túnel do tempo, um vórtice vai ser formado ligando o hoje com o passado. Também dentro da caixa tem um contrato de utilização em que não é necessário assinar nada. Apenas revela que o viajante no tempo se compromete com certas coisas, boas práticas. Não deve por exemplo, interferir com a história nem levar nada desta época para lá nem deve trazer nada de lá também. A única coisa que pode trazer são as imagens na sua cabeça, das experiências que viverá. Telemóveis não são permitidos na viagem mesmo que já existissem na data que queremos visitar, nem máquinas fotográficas. As roupas terão de ser compatíveis com a altura e por isso vem incluído na caixa uma amostra de roupa possível.
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